domingo, 15 de fevereiro de 2009

Assombroso e incompreendido...Parte IV

Assim as espécies sofrem alterações ao longo do tempo...mas se elas só sofressem alterações e seguissem mudando, o número de espécies não aumentaria...então como surgem novas espécies (Especiação é o termo científico...)? Aí o papel principal cabe ao isolamento reprodutivo. Sabemos que ao longo das eras, em função do deslocamento da crosta terrestre, surgem cordilheiras, rios, mares, ilhas, etc...Isso faz com que populações se separem (ficam partes na ilha e partes no continente, por exemplo) e deixem de cruzar e misturar seus gens...e aí as alterações sofridas por uma delas não “afeta” a outra. Elas começam a se desenvolver independentemente. E pode ser que quando reunidas novamente as diferenças já sejam tão grandes que a “corte” (sinais de acasalamento) não seja mais percebida, ou então, caso cheguem a cruzar, não geram mais indivíduos férteis. Já são duas espécies diferentes...Mas a especiação pode ocorrer mesmo que não haja isolamento geográfico. Podem ocorrer alterações comportamentais (algumas fêmeas deixam de reconhecer a “corte” dos machos, por exemplo), alterações no período fértil, alteração nos órgãos reprodutores (problemas de “encaixe”). Quando passou pelas Ilhas Galápagos, Darwin pode observar nas espécies de pássaros e tartarugas pequenas diferenciações de ilha para ilha. Dependendo do tipo de fruto presente, o formato dos bicos dos pássaros variavam, por exemplo. É esse isolamento geográfico que explica porque temos kiwi só na Nova Zelândia, canguru só na Austrália e cupuaçu só no Pará...
Então o ambiente faz grande pressão no desenvolvimento das espécies, e é justamente porque o ambiente na Terra mudou tanto nesses 4,5 bilhões de anos que a variedade de animais e plantas é tão grande...Evidentemente, se a Terra tivesse 6000 anos, não haveria tempo suficiente para que essas lentas alterações produzissem toda essa diversidade...
É com o belíssimo parágrafo abaixo que Darwin finaliza seu livro A Origem das Espécies:
"Não há uma verdadeira grandeza nesta forma de considerar a vida, com os seus poderes diversos atribuídos primitivamente pelo Criador a um pequeno número de formas, ou mesmo a uma só? Ora, enquanto que o nosso planeta, obedecendo à lei fixa da gravitação, continua a girar na sua órbita, uma quantidade infinita de belas e admiráveis formas, saídas de um começo tão simples, não têm cessado de se desenvolver e desenvolvem-se ainda!"

Nenhum comentário:

Postar um comentário