terça-feira, 12 de maio de 2009

...pseudos...

Quem acompanha o blog já sabe que eu sou um cético, e com orgulho. A minha filosofia de vida me diz que, ou exigimos evidências para acreditar no que quer que seja, ou somos tolos (e invariavelmente já fizemos papel de tolos em nossas vidas...). Mas exigir evidências para tudo não é o mesmo que ter “a mente fechada”, ser refratário às novidades e contrário ao uso livre da imaginação e criatividade. É óbvio que se nos fecharmos em torno apenas daquilo que temos “certeza”, eliminamos a principal ferramenta da ciência, a curiosidade, a capacidade de “pensar fora da caixa”, sair da mesmice e do lugar comum. Os grandes gênios transformaram nossa visão do mundo quando acreditaram em hipóteses aparentemente absurdas, tiveram a coragem e capacidade de testá-las e comprová-las experimentalmente. Mas a princípio eles tiveram que acreditar numa idéia sem muitas evidências.

Mas acreditar que todos os animais se desenvolveram a partir de poucos ancestrais comuns (como Darwin), ou que a luz pode ser onda e partícula ao mesmo tempo (como Einstein), por exemplo, é uma coisa. Outra bem diferente é acreditar na interferência de astros sobre o nosso comportamento, ou que as moléculas de água tem “memória” (base da homeopatia). Mas porque são coisas tão diferentes? Será que a diferença é apenas que algumas coisas “ainda” não foram confirmadas por experimentos científicos? Na minha opinião, esse argumento já é suficiente...porque a pressa? a minha pergunta nesse caso é: por que acreditar em algo que não tem nenhuma comprovação, além de relatos? Não é mais sábio aguardar pelas evidências e comprovações? Pra que correr o risco de fazer papel ridículo numa roda de amigos, dizendo que achou incrível o depoimento do guru que se alimenta de luz? Ou que sua vizinha se curou de câncer no cérebro por causa da energia dos cristais? Existem milhares de coisas interessantíssimas na natureza, comprovadas, que rendem ótimas conversas, com a vantagem de não correr o risco de parecer idiota. Existem milhares de cientistas trabalhando para comprovar diversas hipóteses, e com certeza comprovar a influência de Órion sobre minha propensão a relacionamentos fracassados levaria ao Nobel...mas a astrologia foi inventada 2000 anos atrás (Ptolomeu, 100 DC), quando nem pequenas lunetas existiam, e nossa idéia de cosmos era no mínimo primitiva...coincidentemente, as constelações que afetam nossas vidas são as mesmas e únicas que sabíamos da existência nessa época...a olho nú...e 2000 anos de pesquisas não diminuíram em nada o ridículo dessa hipótese. Ao contrário, hoje sabemos que a influência gravitacional exercida por uma estrela distante sobre nós não é maior que a exercida por uma pessoa ao nosso lado, graças a Newton.
É compreensível que as pessoas acreditem em coisas totalmente sem fundamento, já que a ciência é algo extremamente recente (li esses dias que 90% de todos os cientistas que já existiram estão atualmente vivos...). Os antigos achavam que os objetos celestes eram manifestações dos poderes mágicos de deuses, que “propriedades ocultas” eram a razão de certos processos físicos, como o magnetismo, por exemplo, e que reações químicas hoje banais eram produto da magia...Imagino quantos dos meus antepassados sofreram o constrangimento de apostar em astrólogos, videntes, terapeutas quânticos (ops, esses são enganadores atuais...), dormiram com uma pirâmide embaixo da cama, entre outras cretinices que hoje deveríamos apenas considerar bizarrices de uma época de trevas, mas que infelizmente ainda são comuns. Ainda hoje, um japonês espertalhão vende garrafas de água que foram tratadas “com amor”, e que portanto (e obviamente) suas moléculas foram “melhoradas”, transformando-a numa super-água...não preciso dizer que os negócios vão bem...Então, se nos espelharmos no exemplo de nossos antepassados, que se estiverem em algum lugar devem estar arrependidos e mortos de vergonha por terem acreditado na “Mãe Diná” da época, precisamos ser mais precavidos...e ceticismo nada mais é do que isso...precaução...não ter pressa de acreditar em algo antes de fazer perguntas básicas e corajosas...Antes de acreditar em chacras, reiki, feng shui, linhas geopáticas (minha nossa!!), energias quânticas, paranormalidades, numerologia, tarô, médiuns, e etc, lembremos sempre que faz mais de 10 anos existe um prêmio de US$ 1 milhão esperando o ganhador nos EUA (Fundação James Randi), bastando para ele realizar seus “feitos” paranormais em frente aos cientistas...vários tentaram...nunca seus poderes “funcionam” quando observados por mentes céticas...isso deve no mínimo servir de alerta...É isso, ou então vestir o chapéu roxo e abraçar a “new age” com fervor...afinal, estamos na era de aquário...