domingo, 7 de junho de 2009

X-Men...

Para quem não sabe, no universo dos super-heróis existem humanos com capacidades especiais, adquiridas através de mutações genéticas. Os mais famosos são os X-Men, grupo de mutantes que se reúne para combater o mal, em muitos casos representado por outros mutantes “do lado negro da força”. Além da oportuna discussão sobre preconceito, aceitação das diferenças, superioridade racial, etc, a estória nos deixa (ou deveria deixar, pelo menos...) curiosos com relação a possibilidade de algo parecido ocorrer na vida real. Afinal, sabemos que nossas células sofrem mutações, e podem produzir novas características no organismo. Evidentemente, na ficção surgem características inimagináveis, como lançar bolas de fogo, raios pelos olhos, atravessar paredes, etc. Tudo isso está muito além da capacidade criativa de nossas células, por mais que elas sofram mutações e se recombinem livremente...Mas será que na vida real não surgem criaturas especiais? Ou será que temos isso aos montes, mas apenas em função do “grau” dessa especialidade nós deixamos de nos assombrar? Além disso, como a espécie humana evoluiu ao ponto de combater as determinações cruas da natureza, será que não estamos tratando características especiais como doença? Da mesma forma que mantemos entre nós gens desfavoráveis, já que moralmente condenamos a esterilização de pessoas que carregam alguma doença genética, por exemplo, podemos deixar de perceber características vantajosas...e moralmente também condenaríamos uma política que estimulasse a “disseminação” desses gens...Para clarear a discussão, vou dar um exemplo que me chamou muito a atenção: vocês ouviram falar do Cat Boy? Pois é...o garoto chinês Nong Youhui, nasceu com a capacidade de enxergar perfeitamente no escuro (na verdade, na quase total ausência de luz), seus olhos brilham como os de felinos, e está sendo tratado como portador de uma rara doença (leucodermia). Nada mais é que uma mutação nos gens que “constroem” os olhos, alterando as células responsáveis pela absorção dos fótons que incidem sobre a retina. Suas células são muito mais sensíveis que as de pessoas “normais”. Supondo que ainda não tivéssemos construído uma civilização com nossos códigos morais, e vivêssemos ainda ao sabor da natureza...e supondo que essa característica trouxesse vantagens ao garoto...ele poderia viver mais...ter mais namoradas...após alguns milhares de anos, enxergar no escuro seria comum...e trataríamos como doentes aqueles que não fossem capazes disso...(evidentemente estou ignorando a possibilidade desse garoto sofrer graves dificuldades em ambientes com muita luz...obviamente pode ser uma característica desvantajosa, que pode ter surgido diversas vezes em nossa história evolutiva e desaparecido em todas elas...até hoje viver na escuridão não foi uma necessidade...)
E temos muitos exemplos de pessoas especiais...alguns possuem memória impressionante (li outro dia sobre uma americana que não esquece um rosto, mesmo de pessoas que não encontra a 20 anos...), outros fazem cálculos dignos de um computador, outros possuem olfato apuradíssimo...li também sobre um homem que possui a audição tão absurdamente amplificada que consegue ouvir o movimento de seus globos oculares, e sua respiração o perturba...(por falar nisso, nem todo mundo sabe (eu não sabia até uns dias trás...) mas as ondas sonoras são interpretadas pelo nosso cérebro por dois caminhos diferentes..através do ar, entrando pelos ouvidos, e através da vibração dos ossos do crânio...é por isso que nossa voz é diferente quando ouvimos uma gravação, já que não temos a “interferência” dos sons “internos”, e é por isso também que continuamos a ouvir nossa voz mesmo se bloquearmos a entrada dos ouvidos...pode tentar...)... outros decoram a lista telefônica...e tratamos tudo isso como doença, e nada disso nos assombra, exceto na tela do cinema...caso vivêssemos livres como animais, seria assim?