terça-feira, 13 de outubro de 2009

SEXO!!!


Vou começar esse post com uma afirmação surpreendente: TODOS os nossos antepassados fizeram sexo! (claro, a partir do surgimento da reprodução sexuada...). Se por um acaso um deles tivesse reprimido, não estaríamos aqui...todos eles, sem exceção, alcançaram sucesso reprodutivo, ou seja, conseguiram sobreviver tempo suficiente, às vezes sob condições bastante inóspitas, até a idade reprodutiva, disputaram uma fêmea com diversos machos, conquistaram, seduziram e acasalaram, e foram os seus espermatozóides, e não de outros, que fecundaram o óvulo (evidentemente a ótica feminina é idêntica...todos os meus pais e mães experimentaram “daquilo” com sucesso). É óbvio que se estamos aqui isso aconteceu...e não estou me referindo aos antepassados humanos, mas todos os nossos ancestrais, como os que viviam no mar, ou os pequenos mamíferos contemporâneos dos dinossauros, milhões de anos atrás...No meu passado, existe um peixe esquisito que se tivesse optado pelo celibato, eu não estaria aqui!


Somos afortunados...bilhões de candidatos à existência nunca aconteceram, porque seus antepassados falharam em algum ponto anterior à reprodução. É incrível como alguns fatos da vida são ao mesmo tempo muito banais, mas muito assombrosos. Nós não apenas vencemos uma corrida com milhões de outros espermatozóides (sendo que cada um produz uma pessoa diferente, já que carrega outra combinação de gens...), mas descendemos de milhares de campeões de sobrevivência...


Após essa introdução, vou chegar onde gostaria: por que o assunto sexo é (e sempre foi) tão polêmico? Por que não pensamos em outra coisa? Por que ninguém (absolutamente ninguém...) consegue ficar sem pelo menos pensar nisso? Por que, mesmo após milhares de anos de repressão religiosa, essa continua sendo a maior fixação humana?

As respostas para essas perguntas, como já devem ter adivinhado, passam pela evolução humana. Como disse o famoso biólogo Dobzhansky, “nada em biologia faz sentido exceto sob a luz da evolução”. Imaginem só...por milhões de anos, os animais que mais deixaram descendentes foram os que mais fizeram sexo...então houve uma pressão evolutiva no sentido de privilegiar gens que tornavam seus hospedeiros mais “safados”...se eu sou um gen que controla uma proteína, que por sua vez atua na produção de hormônios sexuais, ou qualquer substância que nos auxilie a ficar “prontos” na presença de uma fêmea

(já sabemos que nosso principal órgão sexual é o cérebro...O chamado diencéfalo ou cérebro primitivo, comum a todos os mamíferos, intervém através do hipotálamo no desejo, no interesse sexual e também recolhe as informações que chegam do exterior e dos hormônios, controlando e dando as respostas da excitação sexual, ejaculação, sensações de prazer e regulando as respostas emocionais e afetivas no comportamento sexual)


com certeza estarei presente em praticamente todos os seres futuros...então o conjunto de gens que, quando reunidos no mesmo organismo, o tornam “super safado”, será cada vez mais comum com o passar do tempo. E acho assombroso perceber que somos fruto de milhões de anos de seleção dos mais safados...(machos e fêmeas...) e só agora (em termos evolutivos, ontem. Se a história da vida ocorresse em um ano, passamos 364 dias, 23 horas e 45 segundos fazendo o máximo de sexo que podemos suportar, sem pudor, regras sociais, medo de AIDS, etc) começamos a tentar reprimir esse processo...Fomos “programados” para pensar em sexo o tempo todo...antes de nós, todos os animais “celibatários” foram extintos, e graças ao bom deus seus gens masturbadores foram com eles...Não é à toa que as religiões perderam a batalha para a pornografia...levaremos outros milhões de anos para selecionar gens castos, e isso apenas se descobrirem alguma vantagem nesse absurdo...

A repressão aos instintos é um dos pontos centrais de qualquer religião, e mais ainda o instinto sexual, já que nada que fazemos é mais primal, animalesco, incontrolável, e até hoje idêntico a vários outros animais. Ver duas pessoas liberando suas fantasias primitivas nos mostra o quanto somos animais, e esculhamba com a tese religiosa da “criação especial”, “imagem e semelhança” (dá pra imaginar deus, ou deusa, se vestindo de bombeiro ou enfermeira...aquela roupinha de Zeus...aiai...)...quem já assistiu aos bonobos fazendo sexo sabe que “papai e mamãe”, “cachorrinho”, “canguru perneta”, “69” não são nossas criações, apenas imitamos esses primos luxurientos...

Evidentemente, a vida numa sociedade organizada só é possível dentro de certas regras de comportamento, e a formação de núcleos familiares também foi importante evolutivamente. Gens que ajudam a produzir animais fiéis, que permanecem junto à fêmea, protegendo suas crias, também foram selecionados. De nada adianta gerar um monte de filhotes, se eles não chegarem à idade reprodutiva...Mas nada mais anti-natural que o celibato...e isso é bem demonstrado pelos inúmeros casos de padres pedófilos, freiras grávidas, etc...

Infelizmente, a repressão sexual imposta pelas religiões só produziu pessoas doentes, infelizes, mal resolvidas...e um monte de órfãos de pai....


É importante, para finalizar, esclarecer que as pressões pela safadeza não atuaram apenas nos machos. O clitóris, a lubrificação, o entumescimento dos seios, o arrepio atrás da orelha, essas coisas só existem por ser fundamental que as fêmeas gostassem da coisa...

sábado, 3 de outubro de 2009

Mais ceticismo....

Dando continuidade ao meu pretensioso manual sobre a importância do ceticismo, já falei que existem vários motivos para sermos cuidadosos em relação às nossas crenças. Isso por que invariavelmente caímos em “armadilhas” quando nos deparamos com informações...fomos programados para preferir histórias à estatísticas, não suportamos o papel do acaso e das coincidências, gostamos de simplificar nosso raciocínio, confiamos demais em nossas lembranças, e temos a tendência inata de ignorar evidências que contradizem nossas idéias...ou seja, buscamos sempre “confirmar” o que já acreditamos...Se gostamos muito de cerveja, iremos prestar enorme atenção à reportagem que destaca seus benefícios à saúde, mas pularemos a página da revista que lista os malefícios potenciais do álcool. Isso é conhecido como “estratégia confirmatória”...usamos todo o nosso poder de persuasão para nos convencer que nossas crenças estão corretas...Como disse Michael Shermer, “pessoas inteligentes acreditam em coisas bizarras porque são habilidosas em defender as crenças estabelecidas por motivos não-inteligentes”. Se admiramos um goleiro, procuramos de todas as formas por falhas nos defensores, ou no gramado, que justifique o gol tomado. Caso contrário, ignoramos qualquer evidência que vá a seu favor, e determinamos: frangueiro!

E isso vale para tudo: pessoas que não gostamos, quando erram, nos dão a delícia da confirmação...mas nunca paramos para observar as boas obras que realizam. Um lugar muito fácil de observar essa nossa tendência é durante um jogo de truco, com jogadores experientes (isso vale pra qualquer jogo de azar...). Todos são orgulhosos de suas estratégias infalíveis, e quando ganham nunca deixam de bradar suas brilhantes “sacadas”. Mas quando perdem nunca foi seu sistema de jogo o culpado, mas eventos aleatórios fora de controle (o baralho, o corte, o outro que jogou antes da hora, etc...). Todos nós, quando temos “orgulho” de alguma habilidade, racionalizamos nossos erros, falhas, perdas, fazemos qualquer coisa exceto admitir que podemos estar errados naquilo que acreditamos.

Um dos aspectos curiosos disso é que em muitos casos fazemos com que profecias se cumpram, e isso aumenta nossa convicção de que estávamos certos sobre nossa crença inicial. Profetizamos que um aluno é fraco, e terá resultados ruins ao final do ano, e passamos o período o tratando com negligência e descaso, dando muito mais atenção aos que considerávamos capazes...ao final do ano, ele é reprovado...estávamos certos sobre ele! Como sou bom em diagnosticar incapazes!

Gostamos de confirmar...gostamos de respostas positivas...como é bom ouvir um SIM...um exemplo interessante: pedimos para crianças fazerem perguntas para determinar um número entre 1 e 10.000. Se elas perguntam se o número está entre 1 e 5000 e ouvem um SIM, elas vibram. Caso ouçam um NÃO, mostram-se frustradas...apesar de terem obtido a mesma informação útil para a solução do problema! E assim somos programados desde crianças a preferir as confirmações...mas quando adultos, esse nosso traço de personalidade pode levar a conseqüências trágicas, quando ignoramos evidencias contrárias àquilo que queremos acreditar e insistimos em nosso ponto de vista (Os EUA invadiram o Iraque ignorando as evidências contrárias à existência de armas químicas...a frota americana no Pacífico foi destruída na 2ª Guerra porque o General estava certo que o Japão nunca os atacaria, apesar de vários alertas...).

“A causa fundamental dos problemas no mundo de hoje é que os estúpidos tem certeza absoluta, enquanto os inteligentes estão repletos de dúvidas” (Bertrand Russel)

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Ceticismo...Parte I

Após longa ausência, vou retomar o assunto “ceticismo”. Eu sei que parece esquisito alguém gostar tanto desse assunto, mas pretendo escrever alguns posts que espero demonstrem a importância de se discutir sobre isso, e aí tenho a pretensão de desmistificar um pouco essa palavra, que compreensivelmente é usada de forma pejorativa pela maioria das pessoas. Sempre que digo que sou um cético, observo aquela expressão entre estranheza e nojo nas pessoas, já que invariavelmente associam ceticismo com falta de um padrão moral rígido (alguém que não acredita em nada, e portanto consideraria qualquer comportamento justificável, ou então é aquele chato que está sempre buscando “buracos” nas crenças alheias). Esse é o tipo de cretinice motivada por ignorância, que espero reduzir nos próximos posts...
No post anterior já falei que o ceticismo pode nos livrar de constrangimentos. Mas só por isso alguém deve ficar insistindo que devemos exercitar nosso ceticismo? Não. Isso é o de menos. O que é muito importante é compreender que tomamos nossas decisões baseadas em nossas crenças, ou seja, aquilo que acreditamos afeta completamente nossos julgamentos, influencia nossas ações e portanto define nosso destino. Então aquilo que acreditamos afeta tudo. E a relação entre “exercitar o ceticismo” e “nossas crenças” não poderia ser mais íntima. Portanto, CQD, uma boa dose de ceticismo é vital...

Definição de cético: pessoa que mantém a mente aberta, mas quer ver e avaliar as evidências, exigindo investigação rigorosa antes de acreditar no fato...

Mas não seria tão importante exercitar o ceticismo caso fossemos naturalmente programados para avaliar corretamente as informações que nos passam. E o que ocorre infelizmente é o oposto...temos a tendência a avaliar erradamente o que chega até nós. E por isso todos carregamos crenças absurdas, e somos facilmente enganados. Por exemplo, responda: o que é mais perigoso, ter uma piscina ou uma arma em casa? Se você, como eu, respondeu arma, erramos juntos. E sabe porque? Por que preferimos histórias dramáticas à estatísticas. Mais pessoas morrem no mundo em acidentes caseiros com piscinas do que com armas. Mas ler sobre o garoto que baleou a cabeça de sua irmãzinha é bem mais atordoante...E mais pessoas morrem por picadas de abelhas no mundo que em acidentes aéreos...Mas quem gosta de avaliar estatísticas? E pior, quem tem noção de estatística? (li esses dias que um ex-presidente norte-americano ficou horrorizado quando soube que metade das crianças de seu país tinha inteligência abaixo da média!! Algo precisava ser feito!!). Quantos de nós deixa de comprar um carro porque um amigo disse que teve problemas com o dele, mesmo após verificar em pesquisas que aquele é um dos mais confiáveis modelos existentes? Um relato apenas detona uma pesquisa feita numa base bem maior de dados.
Fomos programados para gostar de histórias, e por milhares de anos ouvir relatos foi a única forma de obter informações...
Além de preferir histórias, detestamos o acaso. Essa é outra palavra demonizada pela maioria das pessoas. Detestamos a idéia de que algo ocorra por simples coincidência. Queremos acreditar que controlamos tudo a nossa volta, e aquilo que nos escapa com certeza teve uma causa. Tudo tem que ter propósito...e isso nos faz mais vulneráveis a acreditar em coisas bizonhas...
Achei muito interessante esse exemplo, retirado do livro “Não Acredite em Tudo o Que Você Pensa”: vamos ganhar dinheiro fazendo as pessoas acreditarem que temos a habilidade de prever as oscilações da Bolsa de Valores (isso vale pra qualquer charlatanismo...). Enviaremos uma carta para 2000 pessoas, que sabemos possuem renda para aplicar em ações. Em metade delas informamos que as ações da Vale irão subir na semana seguinte, e na outra metade que irão cair. Dessa forma, 1000 pessoas receberão uma carta curiosamente premonitória. Ficamos só com essas 1000, e para 500 enviamos carta dizendo que as ações irão subir novamente, e para as demais que irão cair. Depois de duas semanas, 500 pessoas receberam duas cartas seguidas com informação correta e preciosa! Mais duas semanas, e teremos 125 pessoas absolutamente convencidas dos seus poderes, e aceitarão depositar R$ 200,00 na sua conta em troca da próxima dica! Embolsaremos R$ 25.000,00 sem sair de casa, apenas porque as pessoas não podem aceitar que 4 resultados corretos seguidos não seja prova de superpoderes...
E isso acontece o tempo todo...tratamos as coincidências como algo extraordinário, e não aceitamos que muitas coisas ocorrem por puro acaso...e uma das causas disso (eu também sou fanático por "causas"...rsrs) é que o ensino de estatística e probabilidade nas escolas é insuficiente para nos ajudar a analisar as informações e a tomar decisões mais sensatas.
Outro fator que nos leva a tirar conclusões erradas é nossa tendência a confirmar aquilo que já acreditamos, ou seja, prestamos atenção às informações que corroboram nossas teses, e procuramos ignorar quando são contrárias...mas isso fica para o próximo...

George Bernard Shaw
"Dizer que um crente é mais feliz do que um cético é como dizer que um bêbado é mais feliz que um sóbrio. "
Anatole France
"Se 50 bilhões de pessoas acreditam em uma coisa estúpida, essa coisa continua sendo uma coisa estúpida."

domingo, 7 de junho de 2009

X-Men...

Para quem não sabe, no universo dos super-heróis existem humanos com capacidades especiais, adquiridas através de mutações genéticas. Os mais famosos são os X-Men, grupo de mutantes que se reúne para combater o mal, em muitos casos representado por outros mutantes “do lado negro da força”. Além da oportuna discussão sobre preconceito, aceitação das diferenças, superioridade racial, etc, a estória nos deixa (ou deveria deixar, pelo menos...) curiosos com relação a possibilidade de algo parecido ocorrer na vida real. Afinal, sabemos que nossas células sofrem mutações, e podem produzir novas características no organismo. Evidentemente, na ficção surgem características inimagináveis, como lançar bolas de fogo, raios pelos olhos, atravessar paredes, etc. Tudo isso está muito além da capacidade criativa de nossas células, por mais que elas sofram mutações e se recombinem livremente...Mas será que na vida real não surgem criaturas especiais? Ou será que temos isso aos montes, mas apenas em função do “grau” dessa especialidade nós deixamos de nos assombrar? Além disso, como a espécie humana evoluiu ao ponto de combater as determinações cruas da natureza, será que não estamos tratando características especiais como doença? Da mesma forma que mantemos entre nós gens desfavoráveis, já que moralmente condenamos a esterilização de pessoas que carregam alguma doença genética, por exemplo, podemos deixar de perceber características vantajosas...e moralmente também condenaríamos uma política que estimulasse a “disseminação” desses gens...Para clarear a discussão, vou dar um exemplo que me chamou muito a atenção: vocês ouviram falar do Cat Boy? Pois é...o garoto chinês Nong Youhui, nasceu com a capacidade de enxergar perfeitamente no escuro (na verdade, na quase total ausência de luz), seus olhos brilham como os de felinos, e está sendo tratado como portador de uma rara doença (leucodermia). Nada mais é que uma mutação nos gens que “constroem” os olhos, alterando as células responsáveis pela absorção dos fótons que incidem sobre a retina. Suas células são muito mais sensíveis que as de pessoas “normais”. Supondo que ainda não tivéssemos construído uma civilização com nossos códigos morais, e vivêssemos ainda ao sabor da natureza...e supondo que essa característica trouxesse vantagens ao garoto...ele poderia viver mais...ter mais namoradas...após alguns milhares de anos, enxergar no escuro seria comum...e trataríamos como doentes aqueles que não fossem capazes disso...(evidentemente estou ignorando a possibilidade desse garoto sofrer graves dificuldades em ambientes com muita luz...obviamente pode ser uma característica desvantajosa, que pode ter surgido diversas vezes em nossa história evolutiva e desaparecido em todas elas...até hoje viver na escuridão não foi uma necessidade...)
E temos muitos exemplos de pessoas especiais...alguns possuem memória impressionante (li outro dia sobre uma americana que não esquece um rosto, mesmo de pessoas que não encontra a 20 anos...), outros fazem cálculos dignos de um computador, outros possuem olfato apuradíssimo...li também sobre um homem que possui a audição tão absurdamente amplificada que consegue ouvir o movimento de seus globos oculares, e sua respiração o perturba...(por falar nisso, nem todo mundo sabe (eu não sabia até uns dias trás...) mas as ondas sonoras são interpretadas pelo nosso cérebro por dois caminhos diferentes..através do ar, entrando pelos ouvidos, e através da vibração dos ossos do crânio...é por isso que nossa voz é diferente quando ouvimos uma gravação, já que não temos a “interferência” dos sons “internos”, e é por isso também que continuamos a ouvir nossa voz mesmo se bloquearmos a entrada dos ouvidos...pode tentar...)... outros decoram a lista telefônica...e tratamos tudo isso como doença, e nada disso nos assombra, exceto na tela do cinema...caso vivêssemos livres como animais, seria assim?

terça-feira, 12 de maio de 2009

...pseudos...

Quem acompanha o blog já sabe que eu sou um cético, e com orgulho. A minha filosofia de vida me diz que, ou exigimos evidências para acreditar no que quer que seja, ou somos tolos (e invariavelmente já fizemos papel de tolos em nossas vidas...). Mas exigir evidências para tudo não é o mesmo que ter “a mente fechada”, ser refratário às novidades e contrário ao uso livre da imaginação e criatividade. É óbvio que se nos fecharmos em torno apenas daquilo que temos “certeza”, eliminamos a principal ferramenta da ciência, a curiosidade, a capacidade de “pensar fora da caixa”, sair da mesmice e do lugar comum. Os grandes gênios transformaram nossa visão do mundo quando acreditaram em hipóteses aparentemente absurdas, tiveram a coragem e capacidade de testá-las e comprová-las experimentalmente. Mas a princípio eles tiveram que acreditar numa idéia sem muitas evidências.

Mas acreditar que todos os animais se desenvolveram a partir de poucos ancestrais comuns (como Darwin), ou que a luz pode ser onda e partícula ao mesmo tempo (como Einstein), por exemplo, é uma coisa. Outra bem diferente é acreditar na interferência de astros sobre o nosso comportamento, ou que as moléculas de água tem “memória” (base da homeopatia). Mas porque são coisas tão diferentes? Será que a diferença é apenas que algumas coisas “ainda” não foram confirmadas por experimentos científicos? Na minha opinião, esse argumento já é suficiente...porque a pressa? a minha pergunta nesse caso é: por que acreditar em algo que não tem nenhuma comprovação, além de relatos? Não é mais sábio aguardar pelas evidências e comprovações? Pra que correr o risco de fazer papel ridículo numa roda de amigos, dizendo que achou incrível o depoimento do guru que se alimenta de luz? Ou que sua vizinha se curou de câncer no cérebro por causa da energia dos cristais? Existem milhares de coisas interessantíssimas na natureza, comprovadas, que rendem ótimas conversas, com a vantagem de não correr o risco de parecer idiota. Existem milhares de cientistas trabalhando para comprovar diversas hipóteses, e com certeza comprovar a influência de Órion sobre minha propensão a relacionamentos fracassados levaria ao Nobel...mas a astrologia foi inventada 2000 anos atrás (Ptolomeu, 100 DC), quando nem pequenas lunetas existiam, e nossa idéia de cosmos era no mínimo primitiva...coincidentemente, as constelações que afetam nossas vidas são as mesmas e únicas que sabíamos da existência nessa época...a olho nú...e 2000 anos de pesquisas não diminuíram em nada o ridículo dessa hipótese. Ao contrário, hoje sabemos que a influência gravitacional exercida por uma estrela distante sobre nós não é maior que a exercida por uma pessoa ao nosso lado, graças a Newton.
É compreensível que as pessoas acreditem em coisas totalmente sem fundamento, já que a ciência é algo extremamente recente (li esses dias que 90% de todos os cientistas que já existiram estão atualmente vivos...). Os antigos achavam que os objetos celestes eram manifestações dos poderes mágicos de deuses, que “propriedades ocultas” eram a razão de certos processos físicos, como o magnetismo, por exemplo, e que reações químicas hoje banais eram produto da magia...Imagino quantos dos meus antepassados sofreram o constrangimento de apostar em astrólogos, videntes, terapeutas quânticos (ops, esses são enganadores atuais...), dormiram com uma pirâmide embaixo da cama, entre outras cretinices que hoje deveríamos apenas considerar bizarrices de uma época de trevas, mas que infelizmente ainda são comuns. Ainda hoje, um japonês espertalhão vende garrafas de água que foram tratadas “com amor”, e que portanto (e obviamente) suas moléculas foram “melhoradas”, transformando-a numa super-água...não preciso dizer que os negócios vão bem...Então, se nos espelharmos no exemplo de nossos antepassados, que se estiverem em algum lugar devem estar arrependidos e mortos de vergonha por terem acreditado na “Mãe Diná” da época, precisamos ser mais precavidos...e ceticismo nada mais é do que isso...precaução...não ter pressa de acreditar em algo antes de fazer perguntas básicas e corajosas...Antes de acreditar em chacras, reiki, feng shui, linhas geopáticas (minha nossa!!), energias quânticas, paranormalidades, numerologia, tarô, médiuns, e etc, lembremos sempre que faz mais de 10 anos existe um prêmio de US$ 1 milhão esperando o ganhador nos EUA (Fundação James Randi), bastando para ele realizar seus “feitos” paranormais em frente aos cientistas...vários tentaram...nunca seus poderes “funcionam” quando observados por mentes céticas...isso deve no mínimo servir de alerta...É isso, ou então vestir o chapéu roxo e abraçar a “new age” com fervor...afinal, estamos na era de aquário...

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Camaleões...

Não consigo pensar em nada mais fascinante na natureza do que os animais miméticos. Assistam esse vídeo (link abaixo) e tenho certeza que irão concordar comigo. Imaginar que essa capacidade foi evoluindo em passos lentos, uma melhoriazinha de cada vez, a cada milhares de anos (no caso das sépias (parentes das lulas) do filme, 15 milhões de anos no total), até chegar nessa capacidade espantosa. Isso porque o mimetismo traz vantagens óbvias aos animais, tanto para se manterem escondidos dos predadores, quanto na hora de surpreender suas presas. Se camuflam melhor, por isso vivem mais, reproduzem mais, os gens que melhoram a camuflagem seguem em frente...Alguns tipos de mimetismo já são bastante impressionantes, como a raposa que muda a cor da pelagem em épocas diferentes do ano (foto acima), bem branca no inverno pra mimetizar a neve, e mais escura no verão, ou o bicho-pau, ou as mariposas que com as asas abertas parecem corujas. É interessante o caso da zebra, já que quando correm juntas (e elas sempre fazem isso...) a massa de listras parecem aos felinos como uma coisa só, e não como animais individuais, e isso os atrapalha. Mas nada se compara aos animais marinhos que se adaptam instantâneamente ao ambiente, como mostra o filme. É assombroso ou não é? Eles conseguem isso porque possuem umas células especiais sob a epiderme, chamadas cromatóforos, contendo pigmentos de cores diferentes, todas ligadas à musculos. E aí o animal dilata essas células que contém a cor que ele deseja (verde, por exemplo) e contrai as demais, ficando verde. Quando percebe que o fundo mudou, outros músculos são acionados, dilatando e contraindo cromatóforos diferentes, e criando a camuflagem. Mas os cientistas ainda não compreenderam totalmente o mecanismo, já que os olhos das sépias não distinguem cores (!). E por que desenvolveram essa capacidade? Porque não desenvolveram couraças ou capas duras, ou seja, são extremamente “apetitosos”, comestíveis, ao contrário de outros animais marinhos. Os animais apetitosos que não desenvolveram armas desse tipo, foram extintos...Ao final do filme, os pesquisadores colocam a sépia sobre um fundo listrado, algo que não existe na natureza, e o bicho fica todo “confuso”, chegando a usar os “braços” para imitar as listras.


domingo, 26 de abril de 2009

Deus da Razão...Parte III

Para aqueles que gostam de mitologia antiga (parece pleonasmo, mas existem as atuais...), li sobre o livro “O cristo pagão” de Tom Harpur, jornalista, teólogo e pastor anglicano, onde ele após extensa pesquisa, conta a história de Hórus, deus egípcio, e achei bastante interessante. Ele era filho de Osiris e Ísis, e alguns textos afirmam que o pai não participou da concepção. Seu nascimento se deu numa caverna, sob a luz de uma estrela, e teve como testemunha três pastores, por volta de 3000 AC. Pouco se sabe de sua vida até os 30 anos, quando é batizado à beira do rio Eridanus. É tentado pelo deus do mal Sut, mas resiste. Existem relatos sobre sua capacidade de andar sobre a água, curar doentes e expulsar demônios. Foi morto pregado a uma árvore, mas voltaria para reinar por 1000 anos. Ficou conhecido como “A verdade, O caminho e A Vida...”. Achei a estória bastante bonita, fiz umas pesquisas e descobri que existem divergências sobre alguns pontos. Afinal, nessa época tudo dependia de relatos orais e alguns pergaminhos...Mas os egípcios acreditaram nisso por milhares de anos, então pra mim está claro que não pode ser totalmente falso...não descobri se ele atende pedidos, mas como ele foi deixado de lado nos últimos tempos, vou tentar contato e ver no que dá...