terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Assombroso e incompreendido...Parte II

Uma das bobagens que já ouvi de pessoas querendo desacreditar a evolução é de que trata-se apenas de uma “teoria”. O problema aqui é que a maioria das pessoas está acostumada com o sentido mais comum da palavra teoria, como sinônimo de “palpite” ou “especulação” (“Eu tenho uma teoria sobre como fulano morreu...”). Em sentido científico, teoria se refere a uma explicação abrangente de algum aspecto da natureza, sustentada por grandes quantidades de evidências. E através dela deve-se conseguir fazer predições sobre fenômenos que ainda não foram observados experimentalmente. Por exemplo, a Teoria da Gravidade de Newton previu como objetos se comportariam na Lua, muito antes que astronautas confirmassem. Quando Einstein formulou sua teoria da relatividade, ele predisse que nada escapa da força da gravidade, nem a luz, que seria curvada na presença de corpos de grande massa, como estrelas, etc...Anos se passaram em suspense até que, num eclipse solar observado do Brasil, cientistas conseguiram enxergar planetas que estavam atrás do Sol, confirmando a curvatura da luz. Foi aí que o alemão se tornou um popstar...

O que diz basicamente a Teoria da Evolução? A definição dada por Darwin é tão econômica que não ajuda em nada no entendimento: “Descendência com modificação”. Vai gostar de concisão assim...melhorando um pouco, isso significa que a evolução consiste em alterações nas características herdáveis de uma população conforme as gerações se sucedem umas às outras. As espécies mudam, e transmitem essas alterações aos seus “filhos”...(na época ele não sabia ainda como...).

É importante eliminar outra confusão bastante comum: evolução não significa “progresso com o tempo”, ou seja, nada de imaginar que as espécies se tornem versões 2.0 depois de certo tempo, e que podemos esperar pela 3.0...e assim por diante....as espécies mudam, mas é o ambiente que dirá se foi para melhor ou não. A natureza não “age” conscientemente para “melhorar” a espécie. (“Deixa ver...e se eu lhe desse algo que cheirasse as coisas?...putz, pode ser útil...”). As alterações surgem, e se elas favorecem o organismo elas aumentam de frequência na população, caso contrário tendem a desaparecer. Darwin nunca usou o termo “evolução”, pois ele transmite erradamente a idéia de que a natureza “objetivava” alcançar seu ápice criativo, o ser humano.

Em evolução, toda vez que se fala em “favorecer” ou “prejudicar” é em relação a luta pela vida (ex: escapar de predadores) e/ou pela reprodução (ex: aumentar a atratividade pelo sexo oposto). Organismos favorecidos tendem a deixar mais descendentes...

Vamos explicar melhor como tudo acontece...

3 comentários:

  1. Fábio...Hoje, por coincidência coloquei por uns instantes no canal da TV Senado, que transmite ao vivo as sessões do Senado Federal, pela TV a cabo, quando o Senador Marcelo Crivela (PRB-RJ), sobrinho de Edir Macedo, pediu a palavra para discursar na tribuna. Achei que iria falar de algo relevante e qual a minha surpresa! Ficou durante os 5 minutos que tinha direito, "metendo o pau" na reportagem de capa da revista Veja, dizendo que usaram de arrogância ao criticar o criacionismo, e que após 150 anos, não haviam descoberto nenhum fóssil que pudesse comprovar a teoria de Darwin. Aliás, ele fez questão de ressaltar que se tratava somente de uma teoria, usando o termo no sentido que você bem explicou, como se fosse um palpite, e continuou dizendo um monte de besteiras. É...cada vez fica mais claro pra mim, como tudo gira em torno de poder e dinheiro mesmo, neste país. A Record briga com a Globo, que apóia a Veja, que critica o criacionismo, que é defendido pela Igreja Universal, cujo líder é dono da Record, que faz reportagem sobre superfaturamento de empresas que entregam merendas nas escolas da cidade de São Paulo, cujo prefeito é o Kassab, que é apoiado por Serra, que quer ser sucessor de Lula, que apóia Marcelo Crivela, que por sua vez apóia Lula...chega.! Tá difícil saber quem está defendendo o quê, por que, e com quais interesses futuros. E quem é que perde com toda essa guerra de interesses particulares? Nós, que temos certeza de que se tivéssemos investido mais em Educação, teríamos uma geração de eleitores menos ignorantes que colocam no poder, senadores tais como este.
    Tá difícil, mas ainda acho que tem concerto.

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  2. Cabe filosofia nesse blog?
    Lá vai: A idéia de que a natureza foi criada por ela mesma sem a intervenção de um ser divino me remete ao pensamento existencialista represetado por Schopenhauer (1788), Nielzsche (1844) e brilhantemente por Sartre (1905) de que a liberdade do homem pode funcionar como uma pena.
    Me explico: O existencialismo prega a idéia de liberdade, ou seja, a idéia de que somos responsáveis por nosso passado, presente e futuro. Então, cabe a nós e não a um Deus o ônus dos acontecimentos de nossa vida.
    Não seria esse o ponto?
    Recorrer a um Deus não seria uma forma de transferir responsabilidades?
    Aceitar o evolucionismo é como aceitar a pena de que as coisas se sucedem por nossa própria escolha.
    Sugiro a leitura de "O existencialismo é um humanismo" livro que levou Sartre a ser incluído como autor proibido pela Igreja Católica.
    Parabéns pela iniciativa do blog, estou adorando.

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  3. Simone, não só cabe como é muito bem-vinda...a filosofia é a religião dos livre-pensadores...é uma pena apenas que eu não tenha "estatura" para ir a fundo nessas discussões, apesar de gostar muito...abraços e volte sempre...

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